domingo, 26 de novembro de 2017

Viva os 40 anos de punk e 35 anos do festival "O Começo do Fim do Mundo"

O PUNK EM SP

 

Punks paulistas fazem história

O ano de 1982 é muito importante para a história do movimento punk em São Paulo e no Brasil. O selo independente Punk Rock lança o álbum Grito Suburbano, primeiro registro sonoro com bandas punk (Inocentes, Cólera e Olho Seco) lançado no País. Em seguida, lança também o compacto da Lixomania, Violência e Sobrevivência. No mesmo ano, Redson, do Cólera, lança mais um álbum punk: a coletânea Sub, com Cólera, Psykóze e Fogo Cruzado. Ainda em 1982, são produzidos dois documentários sobre o movimento punk paulista: Garotos do Subúrbio, de Fernando Meirelles, e Pânico em SP, de Mário Dalcêndio Jr. No final do ano, é realizado o primeiro festival punk no País, com repercussão internacional: o Festival O Começo do Fim do Mundo, realizado no SESC-Pompeia.

CRONOLOGIA DO PUNK EM SP

1978-1979 – Surgimento das primeiras bandas punk em São Paulo: Restos de Nada, AI-5, Cólera, Olho Seco, Condutores de Cadáver e Lixomania.

1980 – O movimento punk se fortalece em São Paulo e em outras cidades do País. Surgem novas bandas: Ratos de Porão, Psykóze e Fogo Cruzado (SP), Hino Mortal, Garotos Podres e Ulster (ABC), Desordeiros e Espermogramix (RJ), Aborto Elétrico e Blitx 64 (DF), Replicantes (RS) e Camisa de Vênus (BA).

1981 – Show punk no Salão Beta da PUC-SP com bandas de São Paulo e do ABC: Inocentes, Passeatas e Ulster.

1982 – O selo Punk Rock lança, em abril, o primeiro álbum com bandas brasileiras: Grito Suburbano, LP de 45rpm com 12 faixas de Inocentes, Cólera e Olho Seco. Em setembro, o selo lança o primeiro disco punk de apenas uma banda: o compacto triplo da Lixomania, Violência e Sobrevivência.
Em seguida, é lançada a coletânea, SUB, pelo selo Estúdios Vermelhos, do Redson (Cólera). O LP, de 24 faixas, inclui músicas do Cólera, Psykóze e Fogo Cruzado.
No mesmo ano, são produzidos dois documentários em vídeo sobre os Inocentes e os punks paulistas: Garotos do Subúrbio, dirigido por Fernando Meirelles e exibido no MASP, e Pânico em SP, dirigido por Mário Dalcêndio Jr.

Festival O Começo do Fim do Mundo

No final de 1982, em 27 e 28 de novembro, é realizado o festival O Começo do Fim do Mundo, no SESC-Fábrica da Pompeia (inaugurado em janeiro daquele ano).


Capa do LP O Começo do Fim do Mundo

O evento foi organizado pelo escritor Antonio Bivar e pelo guitarrista Antônio Carlos Calegari, dos Inocentes. Os dois dias do festival reuniram 20 bandas punks de São Paulo e do ABC e um público de 3 mil pessoas. Terminou com invasão da Polícia Militar e dezenas de detidos.

1983 – Lançamento do álbum homônimo com as bandas que se apresentaram no festival. A produção foi feita pelo selo New Face Records, de Fábio Sampaio (Olho Seco).

Em maio de 1983, a Lixomania e mais sete bandas paulistas apresentam-se no Festival de Punk Rock no Circo Voador (RJ). Em agosto, a Lixomania e outras bandas participam do Festival de Rock de Juiz de Fora (MG).

Ainda em 1983, são lançados os compactos Botas, Fuzis, Capacetes (Olho Seco) e Miséria e Fome (Inocentes).

No mesmo ano, os Inocentes são os personagens principais do vídeo de média-metragem Punks, dirigido por Sarah Yakni e Alberto Gieco.

1984 – Lançamento do álbum Crucificados Pelo Sistema, do Ratos de Porão.

1985 – Lançamento do álbum Tente Mudar o Amanhã, do Cólera.

O legado do punk paulista

Muitas bandas de punk rock desapareceram (algumas sem deixar qualquer vestígio) e outras continuaram restritas ao circuito alternativo. O novo cenário musical passou a ser dominado pelas novas bandas de Pop/Rock (Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Titãs, Capital Inicial, Ultraje a Rigor, etc). No entanto, a Lixomania e as bandas punks de SP já haviam deixado a sua mensagem. Pelo menos com relação às letras, podemos perceber ecos do inconformismo e irreverência punk em músicas de sucesso como Inútil (Ultraje a Rigor), Polícia (Titãs), Que País É Este? (Legião Urbana), Veraneio, Vascaína (Capital Inicial) e Até Quando Esperar (Plebe Rude), entre outras.


(Texto extraído do livro “Miro de Melo 30 anos de rock - trajetória musical do baterista do 365 e Lixomania” - Editora Sinergia, 2013, escrito por Edson Luís Rosa)


sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Meus amigos bêbados mortos

Hello good people! Finalmente, após uma longa ausência, estou de volta... tentando sacudir a poeira de meus ombros e voltar a escrever um pouco; afinal, este blog é para isto, ou deveria ser!
Como o passado é implacável e deixa marcas profundas, mais uma vez curvo-me a ele, sem defesa...
 O título desta postagem refere-se à música "My Dead Drunk Friends", gravada pelo grupo Hollywood Vampires, liderado por Alice Cooper, com participação do ator Johnny Depp. Esta música ativou a lembrança dos meus três amigos que morreram de tanto beber, ou beberam até morrer: Edinho, Nivaldo e Joab. No link abaixo, você pode ouvir a música e acompanhar a letra:
http://www.videosconletra.com/my-dead-drunk-friends-hollywood-vampires_6abe6c07f.html

Eu providenciei uma tradução simples da letra, com a ajuda de alguns tradutores online:

[Verso1]
Estou aqui sozinho, em uma taberna cheia de fantasmas
São 3 horas da madrugada, estamos de volta novamente, aqui está o meu brinde...
O primeiro, vai para o rock n 'roll, a fortuna e a fama
As limusines, os gritos das adolescentes, que gritam o nosso nome
Eu vim aqui para ficar bêbado, mas não é mais a mesma coisa

[REFRÃO]
Ergo o copo e bebo bem rápido, mas não consigo lembrar porque...
Assim, outro brinde para todos os meus "irmãos" que beberam até morrer
Meus amigos bêbados mortos (woo hoo!)
(woo hoo!)
Meus amigos bêbados mortos (woo hoo!)

[Verso2]
Este é para todas as mulheres, as viúvas e as noivas
Aquelas com quem voltamos para casa, aquelas que tivemos que esconder
O próximo é para os garotos de estrada, e toda a porcaria que experimentamos
Pensávamos que éramos imortais, e então vocês MORRERAM!
Estou me sentindo meio solitário, então vim aqui para ficar chapado

[REFRÃO]

[PASSAGEM]
Nós bebemos e lutamos
E nós lutamos e vomitamos
E nós vomitamos e lutamos e bebemos

Nós vomitamos e vomitamos
E nós bebemos e lutamos
E nós lutamos e vomitamos e bebemos

OU...

Nós bebemos e vomitamos
E nós lutamos e lutamos
E nós bebemos e vomitamos e vomitamos

Nós bebemos e lutamos
E nós vomitamos e vomitamos
e então MORREMOS

Meus amigos bêbados mortos

[SOLO]
[REFRÃO]

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Adiós, amigos!


Quando criei esse blog estava bastante animado com a possibilidade de escrever de forma mais constante e pensava nas várias ideias e histórias que poderia vir a compartilhar com alguns amigos e leitores. No entanto, passado um mês de minha última postagem, um grande amigo meu, Edson Burini, conhecido como "Edinho", veio a falecer vítima de traumatismo craniano após ser encontrado caído na beirada de uma rua próxima à sua casa, na Vila Maria (zona norte de São Paulo).

Eu conhecia Edinho há mais de vinte anos, ele foi casado com minha irmã e após a separação continuou sendo meu "irmão de som", companheiro de som desde os anos 80, com quem passei horas, dias, meses e anos ouvindo BeatlesPink FloydKraftwerkLou Reed, Velvet UndergroundRoxy MusicKing CrimsonFrank ZappaSisters of MercyDavid BowieTalking HeadsNick CaveDead Can Dance, etc. até o álbum "In Rainbows" do Radiohead...

A morte do Edinho me abalou profundamente, me deixou totalmente desmotivado para escrever qualquer coisa ou mesmo voltar a ouvir muitos desses sons novamente. Pela primeira vez na vida, senti verdadeiramente um "medo de música". Sabia que ouvir certas músicas de alguns desses artistas faria com que eu desabasse em lágrimas, envolto na tristeza, melancolia e desesperança. Fiquei meses procurando o silêncio sempre que possível, sem vontade de ouvir qualquer tipo de música. Aos poucos, voltei a ouvir um pouco de jazz blues, mas nada de rock. Cheguei a pensar em desistir de vez do rock, minha grande paixão desde adolescente, que agora me deixava triste e melancólico.


A vida segue rumos inesperados. Nem sempre depois da tempestade vem a bonança, como diz o ditado popular. Muitas vezes, depois de uma tempestade vem outra tempestade pior do que a anterior. Senti isso quando, no ano seguinte, em junho de 2010, outro "irmão de som", Nivaldo, também faleceu de complicações decorrentes de longos anos de consumo de bebida alcoólica e drogas.

Ele já fazia hemodiálise há alguns anos e foi vítima de um infarto antes de completar 52 anos. Nivaldo era meu compadre e grande amigo desde o início dos anos 70, quando começamos a curtir rock juntos. Isso significa quase quarenta anos! Com a sua morte, mais uma parte de mim também morreu e levou consigo boa parte de minha vivência e memória sobre o rock, desde as primeiras audições que fizemos juntos (Alice Cooper, Jimi Hendrix, Deep Purple, Black Sabbath, Uriah Heep, Ten Years After, Santana, Iggy Pop & The Stooges, Patti Smith, Television etc), os primeiros bailes e shows de rock que fomos, assim como os milhares de sons que curtimos nos anos 80 e 90, do metal ao punk (Judas Priest, Iron Maiden, Sex Pistols, Clash, Dead Kennedys, etc), do pós-punk ao gótico e funk metal (Joy Division, Bauhaus, Suicidal Tendencies, Primus, Body Count, Infectious Grooves, Ministry, Helmet etc), da banda que formamos no final dos anos 90 (Outsiders) até os últimos sons que ouvimos, dentre eles o álbum "The Weirdness", que marcou o retorno dos Stooges, uma de nossas bandas favoritas.

Quase um ano se passou...

Em 2011, uma semana antes de meu aniversário em 5 de abril, recebo com profunda tristeza a notícia de que meu amigo Joab, que conhecia há mais de sete anos e com quem formei a banda de rock Gooks em 2003, havia falecido vítima de hemorragia intestinal e cirrose aguda.

Joab conheceu Nivaldo e Edinho e, além do rock, tinha outra coisa em comum com eles: o alcoolismo. No caso de Joab, que morreu com apenas 41 anos, a bebida era acompanhada de um ingrediente a mais, a depressão. Ele era fã confesso de Ian Curtis e Kurt Cobain, respectivamente, cantores/compositores do Joy Division e Nirvana que praticaram o suicídio.

Quando formamos os Gooks em novembro de 2003, Joab já bebia bastante e chegava nos ensaios com garrafas de vinho. Até aí tudo bem. Porém, acho que, em 2008, ele disse que precisava fazer uma cirurgia, mas foi deixando de lado, eu perguntava sobre o assunto e ele não respondia. Parecia que tinha medo ou que não queria depender de médicos. Após  relutar, internou-se voluntariamente em uma instituição para tratar do alcoolismo e, depois de alguns meses, voltou a morar em Itaquera com os pais, ficando afastado dos amigos. Joab continuou bebendo dia após dia. Saiu da banda, perdeu o emprego e a namorada foi embora. Acabou se isolando. Fui visitá-lo algumas vezes, mas, para conseguirmos conversar, tinha de sair para beber com ele. Eu sempre telefonava, contudo, ele não se animava com meus convites para sair juntos nem com qualquer coisa... Em geral, também não retornava minhas ligações. Com isso, mais de um mês se passou desde a última vez em que eu o encontrara em um bar da Rua Augusta. Na ocasião, Joab estava muito pálido e inchado.


Quando recebi a notícia de sua morte não quis acreditar! Sentia que não tinha conseguido ajudar meu amigo. Em nossas últimas conversas, ele dizia que já estava morto! Os últimos sons que ouvimos juntos foram Johnny Cash, British Sea PowerThe Fall e Tim Maia. Também assistimos a um DVD do Roy Orbison e um outro com MudhoneyNirvana e outras bandas.


LISTEN TO THE SILENCE

Em um período de tempo muito curto (de 2009 a 2011), perdi três de meus maiores amigos, verdadeiros "irmãos de som", com os quais dividia a minha paixão pelo rock e pela música. Sem eles, tudo isso perdeu um pouco o sentido...


Agora, já faz cinco anos que meu amigo Joab partiu...

Vou sempre lembrar dessa festa de aniversário!

Imagens do arquivo pessoal de Mauro Paulino

AVISO

Amigos, em breve estarei retomando as atividades em meu blog. Muitos fatos ocorreram desde a última postagem que fiz, em novembro de 2009, e pretendo relatar um pouco disso nas próximas mensagens. Aguardem!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A Lixomania e o surgimento do punk no Brasil



A Lixomania é uma banda lendária do punk rock brasileiro, pois foi uma das pioneiras do movimento no país, ao lado de Olho Seco, Cólera e Inocentes, entre outras.

A formação da banda
A Lixomania foi formada em 1979, no bairro do Lauzane - zona norte da cidade de São Paulo (SP) -, pelos amigos Adauto (baixo), Tikinho (guitarra e vocal) e Zú (bateria). Depois entrou Alê, que assumiu os vocais. Todos gostavam de Sex Pistols, Ramones, The Clash, Stiff Little Fingers, UK Subs, Dead Boys, Sham 69, Lurkers e muitas outras bandas.

As primeiras apresentações
Em 1980, com alguns ensaios e apenas três músicas no repertório, a Lixomania fez a sua primeira apresentação num encontro inédito de bandas punks, realizado a portas fechadas (sem público) em Santo Amaro, na zona sul da cidade.
No decorrer de 1980 e 1981, a banda seguiu apresentando-se em locais distantes da periferia de São Paulo. Nenhum clube ou danceteria da cidade abria espaço para shows punk. Em meio a muitas dificuldades, a Lixomania acabou conquistando o apoio da emergente platéia punk e destacando-se como uma das principais bandas punks do Brasil.

Contribuições para o movimento punk
Além da música e da atitude, um de seus grandes méritos é o de ter ajudado a desbravar o caminho para o surgimento de uma cena punk no país, que ainda vivia sob a censura e as leis impostas pelo regime militar do general Figueiredo. Nessa época, a imprensa e a mídia brasileira ainda não haviam descoberto o punk. Isso só veio a acontecer em 1982, refletindo o renascimento do movimento no exterior, com Exploited, Discharge, Dead Kennedys, Black Flag, etc.

O lançamento do primeiro disco
O ano de 1982 foi muito importante para a Lixomania. Com a saída de Alê, Moreno (um antigo simpatizante da banda) assumiu os vocais, enquanto Miro (ex-Guerrilha Urbana) substituiu Zú na bateria. É com essa nova formação que a Lixomania gravou o EP “Violência e Sobrevivência”, lançado em setembro de 1982 pelo selo independente Punk Rock Discos, de São Paulo, sob direção e produção de Carlos Marçal Bueno, cunhado de Betão, amigo e simpatizante da banda.

Hoje, esse EP contendo 6 músicas (Violência e Sobrevivência, Massacre Inocente, O Punk Rock Não Morreu, Zé Ninguém, Fugitivo e Os Punks Também Amam) é disputado por colecionadores de discos punks em razão de seu pioneirismo: foi o primeiro disco de uma banda punk lançado no Brasil, precedido apenas pela coletânea “Grito Suburbano”, que reunia 3 bandas de SP.
A capa do EP foi feita a partir de uma colagem de manchetes de jornais que retratavam a violência e criminalidade no país. O trabalho de arte é creditado ao escritor Antonio Bivar (autor do livro “O que é Punk”), Fernando Santa Rosa e Lixomania. Os temas das músicas são a violência (“Violência e Sobrevivência” e “Massacre Inocente”), as injustiças sociais (“Zé Ninguém” e “Fugitivo”) e o próprio movimento punk (“O Punk Rock Não Morreu” e “Os Punks Também Amam”).

O apogeu da banda
Com o disco debaixo do braço, a Lixomania pôs o pé na estrada, fazendo shows em cidades do interior de SP. Ainda em 1982, participou do festival “O Começo do Fim do Mundo”, realizado no Sesc Pompéia, em São Paulo, e teve uma de suas músicas (“Punk”) incluída no disco resultante do festival. Com a repercussão do evento – considerado o mais importante da história do punk nacional - , a Lixomania foi convidada a tocar fora de SP, realizando várias apresentações no Rio de Janeiro (que incluiu um show no Circo Voador, com abertura do Paralamas do Sucesso e do Kid Abelha & As Abóboras Selvagens!) e um show no estádio de Juiz de Fora, no estado de Minas Gerais, assistido por milhares de pessoas.

O início da crise e o fim da Lixomania
O problema é que a Lixomania e a maioria das bandas punks remavam contra a maré. No momento, toda a atenção das grandes gravadoras, rádios, revistas, jornais e TVs estava voltada para os novos artistas de estilo pop/rock (Blitz, Lulu Santos, Kid Abelha, Léo Jaime, Ritchie, Gang 90, Lobão, etc). Não bastasse a hostilidade da mídia em geral, os punks ainda tinham de lidar com a falta de equipamentos e espaços para shows, a repressão policial e as brigas constantes entre gangues. Uma das últimas apresentações da Lixomania nessa época, ocorrida no programa Fábrica do Som, da TV Cultura, mais uma vez culminou em confronto entre gangues rivais. Assim, em março de 1983, a Lixomania resolveu encerrar suas atividades.

A herança da Lixomania e do punk paulista
A exemplo da Lixomania, várias bandas punk desapareceram (algumas sem deixar qualquer vestígio de registro sonoro) e outras continuaram restritas ao circuito “underground”. O novo cenário musical passou a ser dominado pelos ícones do chamado BRock (Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Titãs, Capital Inicial, Ultraje a Rigor, etc). No entanto, a Lixomania e as bandas punks de SP já haviam deixado a sua mensagem. Pelo menos com relação às letras, pode-se perceber ecos do inconformismo e irreverência punk em músicas de sucesso como “Inútil” (Ultraje a Rigor), “Polícia” (Titãs), “Que País É Este?” (Legião Urbana), “Veraneio Vascaína” (Capital Inicial) e “Até Quando Esperar” (Plebe Rude), entre outras. Sem falar em bandas como Camisa de Vênus e Replicantes, claramente inspiradas no punk.

Lixomaníacos buscam novos rumos
Mas, afinal, o que aconteceu com o pessoal da Lixomania? Com o fim da banda, Miro formou o 365 e, em meio à explosão do novo rock nacional, atingiu um público mais amplo com o single “São Paulo”, executado em rádios FM. Num primeiro momento, Tikinho e Adá participaram do 365, mas depois deixaram a banda.

Entre 1994 e 1996, Adá voltou a tocar com amigos da zona norte, integrando as bandas de garagem Sidflex, Sobreviventes e Outsiders. Depois disso, reuniu-se novamente com Tikinho e Miro, incluindo Muniz (ex-Fogo Cruzado). A idéia era reativar a Lixomania, mas não deu certo. Tikinho saiu logo no ínicio; Muniz assumiu a guitarra e os vocais e, junto com Adá e Miro, formou um novo Fogo Cruzado. Em 1997, a banda lançou um CD que inclui a música “Presidente”, da Lixomania. Adá deixou o grupo antes mesmo do lançamento do disco e Miro, logo depois.

O retorno da Lixomania

Em outubro de 2002, a Lixomania voltou finalmente à ativa com sua formação clássica (Moreno, Tikinho, Adá e Miro) como convidada especial do festival “O Fim do Mundo – 20 Anos de Cultura Punk”, realizado no Tendal da Lapa, na zona oeste de São Paulo. A banda foi a única a fazer duas apresentações no festival, que reuniu, durante uma semana, mais de 60 bandas de todo o Brasil.
 
À partir dessas apresentações e do incentivo dos fãs, a Lixomania voltou a ensaiar regularmente e, em 2003, fez um show no Hangar 110, em SP, na tradicional Festa do Ratinho, matando a saudade de muitos fãs que compareceram ao evento. A banda apresentou 19 músicas (algumas delas inéditas) que fazem parte de um novo CD da Lixomania.

A gravadora Speed State Records, do Japão, também lançou em CD e vinil uma edição especial com o EP da banda (de 1982) + material inédito, como parte de um projeto que visa agrupar gravações das principais bandas punks do mundo.



CURIOSIDADES SOBRE A BANDA
· Segundo Tikinho, a idéia do nome “Lixomania” surgiu a partir dos comentários da vizinhança da casa onde a banda realizava os seus primeiros ensaios. Todos os vizinhos diziam que o som era uma sujeira, um verdadeiro lixo, como se os membros da banda tivessem mania de lixo. Inicialmente, eles cogitaram adotar o nome “Mania de Lixo” mas, após mais discussões, surgiu o nome definitivo da banda, “Lixomania”.
· Na contracapa do EP de 1982, há uma foto da banda deitada com uma muleta em cima. A muleta era de Adá que, antes da gravação, sofreu um acidente e ficou sete meses com a perna engessada. Nesse estado, gravou o EP e fez suas primeiras apresentações no Rio de Janeiro.
· Durante show dos Ramones no Brasil, Tikinho encontrou-se com Joey Ramone no camarim e este revelou possuir o EP da Lixomania e disse que, em sua opinião, o disco era “do caralho”.
· Em conversa com Miro, o produtor musical Paulinho Marquetti admitiu que o Legião Urbana e outras bandas de Brasília foram muito influenciadas pelo punk paulistano do início dos anos 80.
· Moreno saiu da banda logo após o lançamento do EP, indo para o Psykoze, outra banda punk. Em seu lugar, Alê reassumiu os vocais e apresentou-se com a Lixomania durante 1982 e 1983. Outra curiosidade sobre Moreno: embora não seja ator, ele participou do último capítulo da novela “Eu Prometo”, da TV Globo, como um dos punks amigos da filha do personagem central da novela.
· Durante apresentação no Morro da Urca (RJ), vários punks paulistas chegaram a escalar o Morro para não pagar a entrada do show e, depois, ficaram hospedados na casa de um ilustre simpatizante do movimento, Ronald Biggs – o famoso assaltante do trem pagador inglês -, que morava nas redondezas.
· Após algumas apresentações no RJ, a Lixomania foi convidada para uma reunião com o diretor da gravadora RCA no Brasil, que propôs lançar o disco da banda. O contrato já estava pronto e previa que a gravadora poderia, por exemplo, acrescentar teclados e saxofone em algumas canções (!!), entre outras coisas. Fiel ao espírito punk, o contrato foi prontamente rejeitado pela Lixomania.
· Embora a autoria das letras e músicas de todas as canções seja creditada à própria Lixomania, sabe-se que várias das letras foram originalmente escritas por Zé (José Edmundo Sanches), irmão de Zú, primeiro baterista da banda.
· Eis os verdadeiros nomes dos integrantes da Lixomania: Mauro Bento de Oliveira (Moreno), Edson Lopes (Tikinho), Adauto de Andrade (Adá) e Valdomiro Santino de Melo (Miro).
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NOTA FINAL: Esse texto foi escrito por Edson Luís Rosa, baterista, sociólogo e ex-pesquisador da Folha de S.Paulo, a pedido da própria banda, da qual ele é simpatizante antigo. As informações aqui contidas foram fornecidas diretamente pelos integrantes da Lixomania. (São Paulo, 12 de janeiro de 2004)

Todos os direitos autorais sobre esse texto são reservados à Lixomania.


P.S.: Eis a formação atual da Lixomania: Moreno (vocal), Miro (bateria e vocais), Ari (guitarra) e Júnior (baixo). Há um DVD com o show da banda no Circo Voador (RJ), em 1982. Integrantes da banda também aparecem no DVD "Botinada - A origem do punk no Brasil". Em 19 de setembro de 2008, a banda apresentou-se no Hangar 110, em São Paulo.



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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

História - O SÉCULO XXI


INTRODUÇÃO

Muitos devem ter assistido ao filme “Matrix” , grande sucesso do cinema. A ação se passa em um cenário futurista no qual máquinas-computadores dominam o mundo, desolado por uma guerra nuclear, e escravizam os seres humanos através de um sistema conhecido como “Matrix” até que um hacker de computador (Keanu Reeves) aparece para libertar a humanidade. Em outro filme, “O Inimigo do Estado”, o ator Will Smith é perseguido o tempo todo por sofisticados sistemas de satélites através de chips instalados em sua roupa. Ambos os filmes retratam um futuro dominado pelas novas tecnologias e pelos meios eletrônicos, o que nos parece bastante familiar, afinal, neste início do século XXI já vivemos uma realidade caracterizada pelo uso intensivo do computador, da informática e dos sistemas avançados de telecomunicações, informação e comunicação, que ganharam grande impulso a partir das últimas décadas do século passado.
Essa revolução tecnológica acelerou-se formidavelmente nas últimas décadas, com o desenvolvimento da internet e da biotecnologia, destacando-se os produtos transgênicos, a clonagem e o Projeto Genoma Humano. Neste texto você encontrará uma breve apresentação desses assuntos.
No entanto, não podemos esquecer que esse “admirável mundo novo” não extinguiu as guerras, os conflitos mundiais e as desigualdades sociais do século XX. Ao invés disso, hoje são produzidas armas com poder de destruição nunca imaginado antes e a riqueza encontra-se cada vez mais concentrada nos países desenvolvidos. Junto com a “Era da Informação” ou a “Era Digital” também surgiu a “Era do Terror” e a chamada “exclusão digital”, representada por grupos de países e pessoas que praticamente não tem acesso às novas tecnologias, como é o caso de muitas nações pobres.

1. O ATENTADO DE 11 DE SETEMBRO

Em 2001, milhões de pessoas no mundo todo assistiram pela TV a uma cena impressionante e de profundo significado histórico: o atentado terrorista ao World Trade Center, em Nova York, nos EUA, e ao Pentágono, em Washington (capital do País), ocorrido em 11 de setembro. Nesse dia, 19 terroristas fundamentalistas islâmicos sequestraram quatro aviões comerciais norte-americanos, assumiram a direção e, numa ação quase simultânea, arremessaram, primeiro, um dos aviões contra um dos prédios do World Trade Center - WTC (conjunto arquitetônico, considerado até então um dos mais altos do mundo, situado na Ilha de Manhattan, em Nova York, composto de dois arranha-céus: as torres norte e sul). O avião chocou-se contra a parte superior do edifício e, em seguida, explodiu. Exatamente quinze minutos depois, um segundo avião atingiu com grande impacto a torre sul do WTC e também explodiu. Passados menos de trinta minutos, um terceiro avião explodiu ao chocar-se contra as instalações militares do Pentágono, sede das Forças Armadas dos EUA. O quarto avião aparentemente não atingiu o alvo definido pelos terroristas: seus destroços foram achados nas redondezas da cidade de Somerset, no estado da Pensilvânia, sem deixar sobreviventes, assim como os anteriores. As circunstâncias da queda não foram esclarecidas. Segundo as informações, o avião estaria se dirigindo à Casa Branca, sede do governo norte-americano. Em função disso, circularam boatos de que poderia ter sido abatido por mísseis da Força Aérea americana.

A Queda das Torres Gêmeas

Como consequência das explosões ocasionadas pelo impacto do choque dos aviões, carregados de toneladas de combustível, as chamadas torres gêmeas do World Trade Center desabaram completamente, cobrindo Nova York com uma gigantesca nuvem de cinzas e fumaça. Resultado da tragédia: 2.816 mortos. Esse número só não foi maior porque o atentado ocorreu antes da abertura do expediente de trabalho; caso contrário, o total de mortes poderia chegar a 6 mil ou mais, conforme estimativas iniciais. No caso do atentado ao Pentágono, não foram divulgadas informações detalhadas; a versão oficial é de que teria sido de menor intensidade. Essa sucessão de fatos, ocorridos no intervalo de apenas uma hora, abalou os EUA e o mundo devido ao seu ineditismo (aviões de passageiros nunca haviam sido usados antes em atentados terroristas), intensidade (nunca uma ação terrorista havia causado tantas mortes), ousadia (ataque à maior potência econômica e militar do planeta) e força das imagens (o choque dos aviões contra as torres gêmeas e o desabamento do WTC).

O atentado minuto-a-minuto

8:48 – O primeiro avião (Boeing 737, da American Airlines) choca-se com a torre norte do WTC.
9:03 – O segundo avião (Boeing 767, da United Airlines) atinge em cheio a torre sul do WTC.
9:40 – Um terceiro avião (da American Airlines) atinge o prédio do Pentágono, em Washington.
10:02 – A torre sul do WTC desaba.
10:03 – Um outro avião (da United Airlines) cai em Somerset, na Pensilvânia.
10:29 – A torre norte do WTC também desaba.
21:30 – O presidente George W. Bush promete encontrar e punir os culpados pelo atentado.

1.2 AS CONSEQUÊNCIAS DO ATENTADO

Os EUA e o mundo nunca mais serão os mesmos depois de 11 de Setembro de 2001. As consequências econômicas, políticas, sociais e religiosas do atentado deverão se fazer sentir por muito tempo ainda. Afinal, os EUA – a única superpotência mundial da era Pós-Guerra Fria, depois da dissolução da União Soviética (URSS) e do chamado bloco socialista – foram atacados pelo inimigo em seu próprio território, pela primeira vez na História. O impacto do atentado talvez só seja comparável, historicamente, ao ataque japonês a Pearl Harbor durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e à Guerra do Vietnã (1954 – 1975). É verdade que já haviam ocorrido outros dois atentados terroristas nos EUA: em 1993, uma bomba destrói parte da frente do World Trade Center, deixando 6 mortos; em 1995, um prédio do governo federal em Oklahoma é destruído e 168 pessoas morrem na explosão. No entanto, nenhum desses fatos tem a mesma importância histórica que o atentado de 11 de Setembro.

1.2.1 A invasão do Afeganistão e a caça a Bin Laden (2001-2002)

Imediatamente após o atentado, o presidente Bush acusa a organização terrorista Al-Qaeda e seu suposto líder, o milionário saudita Osama Bin Laden, como responsáveis pelo atentado e anuncia o início de uma operação intitulada Guerra contra o Terror, que começa com o ataque militar ao Afeganistão, país da Ásia Central dominado pelo regime fundamentalista islâmico do Taleban. Esse grupo abrigaria Bin Laden – declarado inimigo público nº 1 dos EUA - e campos de treinamento de terroristas da Al-Qaeda. Bush promete que os EUA “libertará o mundo dos malvados”. Em reunião da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), são apresentadas supostas provas (nunca comprovadas) do envolvimento de Bin Laden e da Al-Qaeda com o atentado ao World Trade Center.
Bush obtém o apoio da OTAN e do Reino Unido (do primeiro-ministro Tony Blair), entre outros países, instala bases militares no Paquistão – país vizinho ao Afeganistão – e ordena uma série de bombardeios maciços ao Afeganistão, com o objetivo declarado de capturar Bin Laden “vivo ou morto”. Após meses de ataques, o Taleban se rende, mas o paradeiro de Bin Laden permanece desconhecido. Segundo boatos, ele teria sido morto, mas a rede de TV Al-Jazira divulga um vídeo supostamente gravado por Bin Laden após os bombardeios. A não ser por essa imagem, ele nunca mais seria visto..., mas suas palavras, convocando uma “guerra santa” do mundo árabe contra os EUA e os inimigos do Islã, corre o mundo. Nos EUA aumenta a perseguição a pessoas de descendência árabe, com a detenção em massa de muçulmanos suspeitos de atividades terroristas. As fronteiras do país são reforçadas e o sistema de imigração também é modificado para impedir a entrada de imigrantes ilegais.

1.2.2 A nova política externa dos EUA

Em setembro de 2002, um ano depois do atentado à Nova York e Washington, o presidente Bush divulga um documento intitulado “A Estratégia de Segurança Nacional dos EUA”, conhecido como “Doutrina Bush”, no qual defende o direito dos EUA de “agir preventivamente” contra países que representam “ameaças à civilização” ao apoiarem o terrorismo e a produção de armas de destruição em massa. Segundo o documento, esses países fariam parte do “Eixo do Mal”, integrado por Iraque, Irã e Coréia do Norte. “Não vamos hesitar em agir sozinhos, se necessário, para exercer o nosso direito de autodefesa”, diz Bush, reafirmando a supremacia militar norte-americana: “Nossas forças serão suficientemente fortes para dissuadir potenciais adversários de buscar desenvolvimento militar na esperança de ultrapassar, ou igualar, o poder dos EUA”.

1.2.3 A ocupação militar do Iraque e a prisão de Saddam Hussein (2003-2004)

Em 19 de março de 2003, Bush ordena a ocupação militar do Iraque, país governado pelo presidente Saddam Hussein, antigo aliado norte-americano na guerra Irã-Iraque (1980-1988). Sem o aval da ONU (Organização das Nações Unidas) e de países europeus importantes como a França e a Alemanha, tropas norte-americanas e britânicas invadem o Iraque, acusado de desenvolver secretamente armas de destruição em massa e apoiar o terrorismo. Saddam Hussein é descrito como um ditador sanguinário que deveria ser afastado do poder para o restabelecimento da democracia.Em abril, os EUA tomam Bagdá, capital do Iraque, mas prossegue a resistência ao domínio norte-americano. Grupos terroristas realizam ataques diários contra as forças de ocupação. Em agosto, um atentado a bomba destrói o prédio da ONU em Bagdá, matando o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, chefe da missão da ONU no país, e mais 22 funcionários da organização. Em 13 de dezembro do mesmo ano, Saddam Hussein é finalmente capturado e preso.

1.2.4 As críticas ao governo Bush

Em junho de 2004, os EUA transferem o poder para uma junta de governo formada por iraquianos, mas mantém a ocupação militar do país. Assim, também continuam os ataques contra soldados americanos e os sequestros (seguidos de execução) de funcionários de empresas estrangeiras e de países aliados dos EUA. Também são divulgadas denúncias de tortura de prisioneiros de guerra na prisão de Abu-Ghraib. Tudo isso causa grande repercussão na opinião pública norte-americana e internacional, reduzindo o apoio interno e externo ao governo Bush. Nos EUA, o assunto transforma-se em tema da campanha eleitoral à Presidência da República. Bush é candidato à reeleição. Muitos críticos e estudiosos afirmam que a política agressiva dos EUA para o Oriente Médio tem como objetivo principal o controle das ricas reservas de petróleo do Iraque, segundo maior produtor mundial, atrás apenas da Arábia Saudita. Os EUA são os maiores compradores de petróleo do mundo. Outros mencionam a necessidade de defender Israel – aliado dos EUA – ante o avanço dos palestinos e os interesses americanos na região diante da influência de países muçulmanos como o Irã e de ex-inimigos como a Rússia e a China. Em maio de 2004, no Festival de Cannes (França), o cineasta Michael Moore apresenta o documentário "Fahreinheit 9/11", manifestadamente contrário ao governo Bush e à escalada militarista dos EUA.

2. AS NOVAS TECNOLOGIAS

Se fosse possível a um homem do passado viajar no tempo e aterrissar nos dias atuais, ele pouco entenderia do que é publicado pelos jornais e revistas do século XXI. Para falar a verdade, mesmo hoje, muitas pessoas ainda não sabem exatamente o que significa informática, internet e biotecnologia, por exemplo. Então, vamos esclarecer um pouco esses termos.

2.1 INFORMÁTICA E INTERNET

Informática é a ciência e o conjunto de técnicas utilizadas para o processamento, transmissão, armazenamento, recuperação e utilização de dados (informações). O seu principal instrumento é o computador, em função de sua capacidade de realizar operações matemáticas bastante complexas em frações de segundos. Até a década de 1970, somente cientistas, pesquisadores e algumas grandes empresas utilizavam computadores, que eram extremamente caros (chegavam a custar US$ 10 milhões!!) e ocupavam uma sala inteira devido ao seu tamanho. A sua popularização iniciou-se com o lançamento, em 1976, do primeiro computador pessoal: o Apple I, criado pelos norte-americanos Steve Jobs e Stephan Wozniak. Em 1981, surgiu o PC (Personal Computer), lançado pela IBM (International Business Machines), que rapidamente tornou-se sucesso de vendas. Daí para frente, a informática e o computador expandiram-se por toda a sociedade e, hoje, estão presentes no dia-a-dia das empresas, bancos, escritórios, supermercados, residências, etc. Não é à toa que Bill Gates, dono da Microsoft (empresa norte-americana de software – programas de computador), é o homem mais rico da atualidade. No caso da Internet, ocorreu um processo parecido com o descrito acima, mas a uma velocidade muito maior. A popularização da Internet nos últimos dez anos só foi possível graças às inovações introduzidas constantemente, ano a ano, no setor de informática e telecomunicações.
Hoje, se você tiver linha telefônica e computador equipado com modem (aparelho que permite a recepção e transmissão de dados via telefone) e o conectar a Internet – rede mundial de computadores –, poderá, entre outras coisas:
a) comunicar-se e trocar mensagens (por e-mail ou correio eletrônico) com pessoas ou empresas de qualquer lugar do planeta; além de participar de salas de bate-papo (chat) e grupos de discussão;
b) ter acesso a uma ampla variedade de informações, visitando sites diversos;
c) fazer download de textos, músicas e imagens;
d) ouvir rádios e noticiários on-line;
e) fazer compras, consultar sua conta bancária e encomendar produtos e serviços.
Não é preciso pensar muito para imaginar a revolução que isso significa em termos de informação e comunicação!

2.1.1 Pequena história da Informática e da Internet

1944 - Mark I, primeiro computador eletromecânico. Desenvolvido nos EUA.
1946 - Eniac, primeiro computador eletrônico. Precursor dos computadores atuais. Funcionava a válvula.
1947 - Invenção do transistor, aumentando a velocidade de processamento dos computadores.
1969 - A Arpanet, nos EUA, começa a interligar universidades e instituto de pesquisas.
1971 - Envio experimental do primeiro e-mail pelo pesquisador Ray Tomlinson.
1974 - Vinton Cerf e Bob Kahn apresentam o TCP/IP, protocolo para comunicação de dados online.
1974 - Microprocessador da Intel reúne todas as funções do processador central em um único chip.
1975 - Fundação da Microsoft, de Bill Gates.
1976 - Apple I, primeiro computador pessoal, inventado por Steve Jobs e Stephan Wozniak.
1981 - PC (Personal Computer), da IBM, com o sistema operacional MS-DOS, da Microsoft.
1984 - Macintosh, primeiro computador com ícones e mouse.
1985 - Windows, interface gráfica que permite o uso de ícones e mouse nos PCs.
1985 - O escritor William Gibson cria o termo "ciberespaço".
1991 - Surge a World Wide Web (www), serviço que permite a transmissão de dados (textos, imagens e sons) pela Internet, e a linguagem HTML (Hyper Text Markup Language), para a criação de web pages. Ambos foram desenvolvidos pelo pesquisador norte-americano Tim Berners-Lee.
1996 - Lançamento da WebTV, aparelho que conecta a televisão à Internet.
2000 - O MP3, formato para compressão de músicas, e o Napster, programa "peer-to-peer" que permite baixar e compartilhar músicas na Internet, levantam a polêmica em torno dos direitos autorais e da pirataria de CDs.
2004 – Começa a popularizar-se no Brasil o telefone celular com acesso a Internet.

2.2 BIOTECNOLOGIA

Segundo o site www.ambientebrasil.com.br, a Biotecnologia consiste no conjunto de tecnologias que utilizam células e/ou moléculas de organismos vivos “para produzir ou modificar produtos, melhorar geneticamente plantas ou animais ou desenvolver microorganismos para fins específicos. As técnicas de biotecnologia servem-se da engenharia genética, biologia molecular, biologia celular e outras disciplinas. Seus produtos encontram aplicação nos campos científico, agrícola, médico e ambiental”. Dentre as substâncias ou produtos desenvolvidos por meio da Biotecnologia, destacam-se os alimentos transgênicos, a insulina humana, plantas resistentes a vírus e herbicidas, antibióticos, hormônios e outros produtos farmacêuticos, biosensores utilizados na indústria eletrônica, etc.

2.2.1 Transgênicos

Os organismos geneticamente modificados (OGMs), também conhecidos como transgênicos, são desenvolvidos mediante alteração no seu DNA – material genético primário da maioria dos organismos. Por meio da engenharia genética, genes de uma espécie animal ou vegetal são retirados de um organismo e introduzidos em outro. Esses novos genes alteram a sequência de DNA, fazendo com que o organismo modificado produza, por exemplo, um tipo de substância diferente da que era produzida pelo organismo original.
A questão dos transgênicos é cercada de polêmica devido aos riscos que podem representar à saúde humana e ao meio ambiente. Apesar disso, nos EUA e alguns países como China, Canadá e Argentina, por exemplo, não há restrição aos transgênicos. Alimentos como milho, soja, batata, tomate e algodão - para citar somente alguns - são produzidos e comercializados em larga escala.
No Brasil, em 1998 foi aprovado o plantio de transgênicos, a nível experimental, em áreas dos estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
Em 2000, representantes de mais de 130 países reuniram-se em Montreal, no Canadá, e aprovaram o Protocolo de Biossegurança, que determina a rotulagem de carregamentos de grãos transgênicos.No entanto, a discussão sobre a segurança dos transgênicos está longe de acabar e os estudos e polêmicas sobre o assunto continuam.

2.2.2 Clonagem

Clonagem é o processo pelo qual são geradas cópias geneticamente idênticas – os clones – de um mesmo ser vivo (microrganismo, vegetal ou animal) através de reprodução assexuada, isto é, sem a participação de células sexuais (gametas). Quando a clonagem ocorre sem a intervenção humana é chamada de clonagem natural. É o que acontece com as bactérias, estrelas-do-mar, a maioria dos protozoários, determinados tipos de moluscos, crustáceos e leveduras, alguns mamíferos (como o tatu) e vegetais (como a bananeira, a parreira e a cana-de-açúcar). Quando a clonagem é produzida em laboratório, utilizando as técnicas da engenharia genética, dizemos que é uma clonagem induzida artificialmente. O exemplo mais conhecido desse tipo de clonagem é o da ovelha Dolly, que foi bastante divulgado pela imprensa no mundo todo. A clonagem de Dolly foi anunciada em fevereiro de 1997 por uma equipe de pesquisadores chefiada por. Ian Wilmut, do Roslin Institute, de Edimburgo, na Escócia. Em julho daquele ano, a mesma equipe anunciou a clonagem da ovelha Polly – o primeiro clone animal com gene humano. Esses são apenas dois exemplos em meio a muitos outros. Consulte jornais e revistas para maiores detalhes.
Clonagem humana – Apesar dos avanços obtidos na clonagem induzida de animais, a clonagem de seres humanos é um assunto que dá margem a debates ainda inconclusivos, pois envolve questões técnicas, éticas e religiosas bastante delicadas. Também há muito sensacionalismo em torno da questão. Exemplo disso foi a novela “O Clone”, da TV Globo, em que o tema foi levado ao grande público de forma superficial e totalmente fantasiosa. Na novela, o personagem-clone chega a se apaixonar pela namorada do homem a partir do qual foi clonado!
Em novembro de 1997, a UNESCO (órgão das Nações Unidas) aprovou a Declaração Universal do Genoma Humano e dos Direitos Humanos, criticando a clonagem reprodutiva de seres humanos e recomendando a sua proibição. Vários países já possuem leis contra a clonagem humana, dentre eles o Brasil. Em janeiro de 2001, o Reino Unido aprovou a clonagem de embriões humanos para fins terapêuticos. Em agosto de 2004, essa decisão foi confirmada pelas autoridades britânicas, que permitiram que um grupo de cientistas comece a utilizar embriões humanos como fonte de células-tronco (células que podem virar órgãos e tecidos de qualquer tipo) para o tratamento de diabéticos.

2.3 GENOMA HUMANO

Formado em 1990, o Projeto Genoma Humano (PGH) é um empreendimento internacional de iniciativa do setor público, liderado pelo Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano (NHGRI), dos EUA, e pelo Instituto Sanger, do Reino Unido, do qual também participam centros de pesquisa de vários países, dentre eles o Brasil. Além do PGH, muitas empresas privadas, como a norte-americana Celera (EUA), também conduzem pesquisa sobre o genoma humano. Genoma é o conjunto de elementos genéticos constitutivos de um indivíduo. O mapeamento e sequenciamento genético do DNA humano podem ajudar na identificação e prevenção de várias doenças, como o câncer, por exemplo. Em 14 de abril de 2003, o Projeto Genoma Humano anunciou, oficialmente, o sequenciamento completo dos 3 bilhões de bases do DNA humano.

CONCLUSÃO

Ao final da leitura deste texto, você deve ter percebido que é cada vez mais difícil nos dias de hoje separar o que é realidade do que é ficção científica, assim como o que é conhecimento e informação do que é poder e dominação. Lembram-se dos filmes citados no começo deste texto? Eles nos lembram que a Ciência e as novas tecnologias devem ser usadas para o bem do Homem e o desenvolvimento da Humanidade, e não para a sua destruição ou opressão. Nós também precisamos nos libertar de “Matrix”.
(EDSON LUÍS ROSA - Texto escrito em 2004 para uma coleção didática da Editora Frase)

OBS.: É permitida a livre reprodução deste artigo desde que sejam dados os créditos a seu autor.

Lista de 120 discos de Hard Rock

Todos sabemos que o hard rock do final dos anos 60 e da primeira metade dos anos 70 têm influenciado muito o cenário do rock e do heavy metal pelo menos desde os anos 90, abrangendo estilos que vão do grunge e do metal alternativo ao stoner rock. Esse revival musical é alimentado pelo relançamento em CD de praticamente todos os discos do período (a maioria deles em versões remasterizadas) e pela troca incessante de músicas via Internet, além dos constantes e inúmeros covers de clássicos do hard rock. Para facilitar a tarefa daqueles que pretendem se aprofundar no assunto, eu preparei uma extensa lista de discos que deve servir como uma espécie de roteiro sonoro da história do hard rock, desde as suas origens nos anos 60 até o seu auge nos anos 70. Além dos mestres do estilo, como Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple, procurei também incluir bandas menos famosas como Sir Lord Baltimore, Dust e Buffalo, por exemplo, para que a lista fosse a mais completa possível. As datas dos discos se referem ao seu lançamento nos EUA e Inglaterra. Eis a lista:

1965 - 1967
MY GENERATION (single) - THE WHO (1965)
YOU REALLY GOT ME (single) - THE KINKS (1965)

WILD THING (single) - THE TROGGS (1966)
SHAPES OF THINGS (single) - THE YARDBIRDS (1966)

ARE YOU EXPERIENCED? - JIMI HENDRIX (agosto de 1967)
DISRAELI GEARS - CREAM (novembro de 1967)

1968
VINCEBUS ERUPTUM - BLUE CHEER (janeiro de 68)
AXIS BOLD AS LOVE - JIMI HENDRIX (janeiro de 68)
WHEELS OF FIRE (live) - CREAM (junho de 68)
IN-A-GADDA-DA-VIDA - IRON BUTTERFLY (julho de 68)
OUTSIDEINSIDE - BLUE CHEER (agosto de 68)
TRUTH - JEFF BECK (agosto de 68)
ELECTRIC LADYLAND - JIMI HENDRIX (outubro de 68)
STEPPENWOLF – STEPPENWOLF (inclui “BORN TO BE WILD”)
RENAISSANCE – VANILLA FUDGE

1969
LED ZEPPELIN I – LED ZEPPELIN (12 de janeiro de 69)
BLIND FAITH - BLIND FAITH (maio de 69)
BECK-OLA - JEFF BECK (junho de 69)
THE STOOGES (agosto de 69)
SSSSH - TEN YEARS AFTER (agosto/set. de 69)
LED ZEPPELIN II (outubro de 69)
TOMMY - THE WHO
MOUNTAIN - LESLIE WEST
MONSTER - STEPPENWOLF
ON TIME - GRAND FUNK RAILROAD
21st CENTURY SCHIZOID MAN (single) - KING CRIMSON
KICK OUT THE JAMS! - MC5
MOTT THE HOOPLE – MOTT THE HOOPLE

1970
FUNHOUSE - THE STOOGES (1º de janeiro de 70)
GRAND FUNK (capa vermelha) – GRAND FUNK (janeiro de 70)
BLACK SABBATH – BLACK SABBATH (Sexta-feira, 13 de fevereiro de 70)
BAND OF GYPSYS - JIMI HENDRIX (março de 1970)
CRICKLEWOOD GREEN - TEN YEARS AFTER (abril de 70)
BENEFIT - JETHRO TULL (abril de 70)
IN ROCK - DEEP PURPLE (junho de 70)
VERY 'EAVY... VERY 'UMBLE - URIAH HEEP (junho de 70)
PARANOID - BLACK SABBATH (setembro de 70)
LED ZEPPELIN III – LED ZEPPELIN (outubro de 70)
WATT - TEN YEARS AFTER (dezembro de 70)
DEATH WALKS BEHIND YOU (single) - ATOMIC ROOSTER
LIVE AT LEEDS - THE WHO
FIRE AND WATER - FREE
LIVE - STEPPENWOLF
CACTUS - CACTUS
BLOODROCK I - BLOODROCK
CLIMBING! - MOUNTAIN
KINGDOM COME - SIR LORD BALTIMORE

1971
NANTUCKET SLEIGHRIDE - MOUNTAIN (janeiro de 71)
FIREBALL - DEEP PURPLE (maio de 71 nos EUA e setembro na Inglaterra)
MASTER OF REALITY - BLACK SABBATH (julho de 71)
FREE LIVE - FREE (setembro de 71)
LOOK AT YOURSELF - URIAH HEEP (outubro de 71)
LED ZEPPELIN IV – LED ZEPPELIN (novembro de 71)
THE CRY OF LOVE - JIMI HENDRIX
RAINBOW BRIDGE - JIMI HENDRIX
AQUALUNG - JETHRO TULL
ROCK ON - HUMBLE PIE
WHO'S NEXT - THE WHO
LOVE IT TO DEATH - ALICE COOPER
KILLER - ALICE COOPER
HOCUS POCUS (single) - FOCUS
BUDGIE - BUDGIE
DUST - DUST
UFO 1 - UFO
LIVE IN CONCERT - JAMES GANG
LA WOMAN - THE DOORS

1972
FRANKENSTEIN (single) – THE EDGAR WINTER GROUP

MACHINE HEAD - DEEP PURPLE (março de 72)
DEMONS AND WIZARDS - URIAH HEEP (maio de 72)
VOL 4 - BLACK SABBATH (setembro de 72)
MAGICIAN'S BIRTHDAY - URIAH HEEP (novembro de 72)
WAR HEROES - JIMI HENDRIX (novembro de 72)
MADE IN JAPAN - DEEP PURPLE (dezembro de 72)

ZIGGY STARDUST - DAVID BOWIE
SMOKIN' - HUMBLE PIE
SCHOOL'S OUT - ALICE COOPER
BLUE OYSTER CULT – BLUE OYSTER CULT
CAPTAIN BEYOND - CAPTAIN BEYOND
SQUAWK - BUDGIE
SLADE ALIVE – SLADE
DEAD FOREVER - BUFFALO

1973
WHO DO WE THINK WE ARE - DEEP PURPLE (janeiro de 73)
HOUSES OF THE HOLY - LED ZEPPELIN (março de 73)
ALADDIN SANE - DAVID BOWIE (abril de 73)
PIN-UPS - DAVID BOWIE (outubro de 73)
WE'RE AN AMERICAN BAND - GRAND FUNK (novembro de 73)
SABBATH BLOODY SABBATH (dezembro de 73)
BECK, BOGERT & APPICE (live) – BECK, BOGERT & APPLICE
WHY DONT'CHA - WEST, BRUCE & LAING
BILLION DOLLAR BABIES - ALICE COOPER
NEVER TURN YOUR BACK ON A FRIEND - BUDGIE
LUCIFER'S FRIEND - LUCIFER'S FRIEND
TYRANNY AND MUTATION - BLUE OYSTER CULT
MOUNTAN (inclui o hit “Radar Love”) - GOLDEN EARRING
MONTROSE – MONTROSE
BANG - JAMES GANG (com Tommy Bolin)
VOLCANIC ROCK - BUFFALO
VAGABONDS OF THE WESTERN WORLD - THIN LIZZY
RAW POWER - IGGY & THE STOOGES
TRES HOMBRES - ZZ TOP
RAZAMANAZ - NAZARETH
AEROSMITH - AEROSMITH
MUSCLE OF LOVE - ALICE COOPER

1974
BURN - DEEP PURPLE
KISS - KISS
NOT FRAGILE - BACHMAN TURNER OVERDRIVE
LOUD 'N' PROUD - NAZARETH
BAD COMPANY – BAD COMPANY
FLY TO THE RAINBOW - SCORPIONS
STORMBRINGER - DEEP PURPLE
SHININ' ON - GRAND FUNK RAILROAD
PHENOMENON - UFO
SHEER HEART ATTACK - QUEEN
FOGHAT - ENERGIZED

1975
PHYSICAL GRAFFITI - LED ZEPPELIN (fevereiro de 75)
SABOTAGE - BLACK SABBATH (julho de 75)
RITCHIE BLACKMORE'S RAINBOW - RAINBOW
ALIVE – KISS
FLY BY NIGHT - RUSH
HIGH VOLTAGE (edição australiana) - AC/DC

Texto escrito originalmente para o site Planeta Stoner.